domingo, 3 de abril de 2011

Bingo.

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Hoje, faz um ano que estou sem você meu amigo cão. Aquele meu amigo que me recebia de cabeça erguida, que me fazia rir, que deitava no meu colo, e que me pedia pra passear. Daquele jeito único que tinha de me pedir carinho. Ai, e tem dia que bate uma saudade. Tem dia que chega a ser inevitável, olhar sua foto e não deixar que se escorra uma lágrima.
Tem gente que pode achar exagero, afinal pra muitos era “só um cachorro”. Mas era o  MEU cachorro. O meu AMIGO. O meu primeiro amigo. Viver 13 anos na presença de um cão, que sempre esteve ao seu lado, é aprender a amá-lo. E, depois quando se vai, é uma dor tão grande, que jamais pensei que poderia sentir. Mas eu sei, que graças a ele, eu tive a honra de saber o que é amizade e fidelidade. Se você querem saber, vou contar-lhes como foram seus últimos momentos de vida. Lembro-me da primeira vez que adoeceu. Ah, eu não sabia o que fazer. Ele não conseguia parar em pé, ia de um lado pro outro batendo nas paredes. Eu o abracei, com a intenção de fazê-lo parar. Ele se encostou em mim, e me olhou como se perguntasse: “ o que está acontecendo? Me ajude!” Depois tudo passou, ele ficou bem. Alguns dias depois, ele se deitou e não levantava mais, não comia mais, não bebia mais. Olhava-nos com tristeza. Eu todos os dias, me sentava ao seu lado, e o acariciava. Me lembro da sua força de vontade. O Bingo gostava de passear pela rua, ia todas as manhãs sozinho, e quando voltava, batia sua patinha no portão para entrar. Me lembro, de quando eu abri o portão na esperança de que ele se levantasse. Ele se esforçou, e deu passo após passo. Eu ao lado dele, o segurei e fomos juntos. Nossa, seus olhos brilhavam. Ele caia, mas se levantava. E foi assim até chegar ao portão. Meu guerreiro!

Ele se recupeou. Ficou bem, e por mais +/- 6 meses ainda esteve conosco. Até que numa quarta feira, ele adoeceu novamente. Deve vez foi pior, levamos ele ao veterinário, fizemos tudo que estava ao nosso alcance. Na quinta me lembro de ter ido na igreja, ajudar a arrumar o altar para a procissão do Senhor Morto. Quando voltei, não o encontrei na garagem. Fui ao porão e lá o vi. Quando ele me viu, mesmo fraco, abanou seu rabinho. Foi uma alegria pra mim. Infelizmente, durou pouco. Na manhã seguinte, minha mãe me acorodu, e me fez a seguinte pergunta: “ O Bingo está sofrendo muito. O que acha de sacrificá-lo?” Não pude responder. As lágrimas falaram por mim. Me levantei, fui até ele. Sentei ao seu lado, chorei, acariciei, e o disse: “Meu bebê, obrigada por tudo. Mas se for a sua hora, vai.” Entrei na minha casa. Fui ao meu quarto. Pouco tempo depois meu pai me disse as seguintes palavras: “Pode chorar, ele se foi.”
E, aí, tive a prova da sua fidelidade. Ele sofria, mas não adormeceu, até que pudesse sentir pela ultima vez o carinho de sua dona. Ele esperou enquanto pode. Todo o tempo que pode. E depois, de ter visto todos que cuidaram dele, ele se foi. Mas deixou conosco as melhores lembranças. Do melhor amigo.

“Só quem tem cães pode entender o amor incondicional que eles oferecem, e a dor imensa quando eles se vão”

(Marley e Eu)


 
 
(Érica Camargo)

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